domingo, 12 de fevereiro de 2017

16/02/2017
QUEM É JESUS PARA MIM  E COMO DEVO ME COMPORTAR DIANTE DO IRMÃO?

Quinta-Feira Da VI Semana Do Tempo Comum

Primeira Leitura: Gn 9,1-13

1 Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo-lhes: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. 2 Vós sereis objeto de medo e terror para todos os animais da terra, todas as aves do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar: eis que os entrego todos em vossas mãos. 3 Tudo o que vive e se move vos servirá de alimento. Entrego-vos tudo, como já vos dei os vegetais. 4 Contudo, não deveis comer carne com sangue, que é sua vida. 5 Da mesma forma, pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão. 6 Quem derramar sangue humano, por mãos de homem terá seu sangue derramado, porque o homem foi feito à imagem de Deus. 7 Quanto a vós, sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a”. 8 Disse Deus a Noé e a seus filhos: 9 “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, 10 com todos os seres vivos que estão convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da terra, que saíram convosco da arca. 11 Estabeleço convosco a minha aliança: nenhuma criatura será mais exterminada pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra”. 12 E Deus disse: “Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras. 13 Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra.

Evangelho: Mc 8,27-33

Naquele tempo, 27Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. 30Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. 31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
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Deus Chama Cada Homem a Cuidar e Proteger o Irmão, Seu Próximo

Com o texto da Primeira Leitura termina a história do dilúvio com a aliança que Deus sela com Noé e sua família, e com o reinício de uma nova humanidade.

O juízo de Deus, na história do dilúvio, foi justo, mas salvador e misericordioso. Deus está sempre a nosso favor. Apesar de todo o mal que praticamos, Deus continua nos amando e nos concedendo um voto de confiança. O Salmo responsorial deste dia expressa muito bem a misericórdia de Deus: “Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, e o Senhor olhou a terra do alto céu, para os gemidos dos cativos escutar e da morte libertar os condenados” (Sl 101,20-21). Isto quer nos dizer que temos motivos muito válidos e valiosos para confiar na proximidade salvadora de Deus. Deus sabe do que se passa na nossa vida e quer nos salvar e dar o novo início para nós. Basta que renovemos nossa fé neste Deus da misericórdia. Jesus Cristo, o Deus-Conosco, iniciou uma “nova criação” e ao atravessar as águas da morte nos convidou a nos salvar em sua Arca, que é a Igreja, onde ingressamos através do sacramento da água, o Batismo.

Mas é preciso que recordemos seriamente que, em Sua aliança com a nova humanidade representada por Noé e sua família, Deus nos exige uma coisa muito importante: que respeitemos nossos irmãos, porque cada um deles é imagem de Deus. “Pedirei contas da vida do homem, seu irmão. Quem derramar sangue humano, por mãos de homem terá seu sangue derramado, porque o homem foi feito à imagem de Deus. Quanto a vós, sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a”, disse Deus a Noé e sua família. Todo sangue, que representa a vida, pertence a Deus, mas Lhe pertence especialmente o sangue e a vida humana, pois o homem é imagem de Deus. O homem não é chamado a matar a vida e sim a multiplicá-la e defendê-la em todos os seus instantes. O sangue chama o sangue. A vida chama a vida. Depois do assassinato de Abel, que representava toda a maldade do coração humano, Deus, para sua nova humanidade, quer um coração novo, que respeite não somente a vida humana, mas também a honra e o bem-estar do irmão. Deus é afetado em cada maldade praticada contra o irmão. Jesus expressa muito bem este mandato ao nos dizer: “Em verdade vos digo: cada vez que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Os direitos do irmão são os direitos de Deus.

Como sinal do pacto com Noé, Deus propõe o arco-íris: “Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras. Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra”. Provavelmente entende-se como uma interpretação popular do fenômeno cósmico do arco-íris depois da chuva numa sociedade que tende a vê-lo a partir do prisma religioso. Mas não se trata de uma magia. Quando olham para esse arco, compromete-se a recordar a bondade e as promessas de Deus. Também poderia ter outro sentido: o arco-íris nos recorda que Deus não usará o arco de guerra contra o homem (na Bíblia se designa com a mesma palavra), mas o arco nas nuvens.

Não será ruim quando virmos o arco-íris depois da chuva, apesar de ser um fenômeno natural, nos recorda seu sentido simbólico que fala da paciência de Deus que nos perdoa, que sempre está disposto a fazer sair Seu sol depois da tempestade, Sua paz depois de nossas falhas. E nós temos que enterrar o arco de guerra (como símbolo de nossas agressões e violências etc.) e tomar a decisão de não dispararmos nenhuma flecha, envenenada ou não, contra nosso irmão, porque ele é imagem de Deus como qualquer um de nós.

Quem É Jesus Para Mim e Quem Sou Eu Para Jesus e Diante de Jesus? E Quem Sou Eu Para o Outro e Quem é o Outro Para Mim?

Não faça de seu cérebro um arquivo para pensamentos alheios, mas o laboratório de suas próprias convicções”, diz o psicólogo argentino, René Juan Trossero.

O verdadeiro sentido da vida consiste em se interrogar, em interrogar e em ser interrogado. Temos que nos interrogar tempo todo sobre nossa maneira de viver, de optar na vida, de escolher certas decisões, de tratar os outros e assim por diante. Não temos todos os conhecimentos sobre muitas coisas e, por isso, temos que ter humildade de perguntar aos que têm conhecimento sobre aquilo que perguntamos. Já que convivemos com os outros, eles também nos questionam. E temos que também ter humildade em aceitar a verdade contida nas interrogações que os outros fazem sobre nós. A partir disso é que podemos viver e conviver prudentemente.

Perguntar é o início do caminho de sabedoria. Não há nenhum dia que não tenha nenhuma pergunta que fazemos para nós mesmos em silêncio ou dirigida para os outros em busca das informações ou respostas exatas ou precisas. Um ditado oriental diz que quem perguntar, ficará bobo durante cinco minutos, mas quem não perguntar, ficará bobo para sempre. É claro que nem todas as perguntas têm suas respostas. Creio que para muitas perguntas essenciais só teremos respostas em Deus e que nem sempre temos condições de receber respostas de maneira imediata. Quando temos respostas? Só Deus que conhece todos os caminhos e todos os mistérios sabe do quando da resposta. Como uma criança nem sempre temos condições para entender a verdadeira resposta para nossa pergunta. “Somos viajantes em busca da pátria; é preciso fixar os olhos no alto para reconhecer o caminho” (Ernest Hello).

Hoje Jesus nos faz duas perguntas para saber se nós verdadeiramente conhecemos Jesus e se os outros, ao nosso redor, sabem ou conhecem quem é Jesus.

A cena do evangelho deste dia acontece no território pagão. O afastamento do centro do poder (político e religioso) para estar nesse território faz com que os discípulos de Jesus estejam mais livres da pressão ideológica de sua sociedade, especialmente dos fariseus. Nessa região é que Jesus lança duas perguntas para os discípulos sobre Sua identidade (cf. Mc 4,41; 6,14-16): “Quem dizem os homens que eu sou?” e “E vós, quem dizeis que eu sou?”.  As duas perguntas que Jesus faz aos discípulos correspondem aos dois momentos da cura do cego para significar a cegueira dos discípulos (Mc 8, 24.27). Agora são interrogados para saber se eles enxergaram algo mais profundo em Jesus.

Já faz tempo os discípulos têm estado com Jesus. Mesmo assim, não conhecem verdadeiramente quem Ele é. Depois de longas vacilações e incompreensões Pedro, em nome do grupo dos Doze, “reconhece” a Jesus quem Ele é. Para os discípulos, como para o cego de Betsaida (Mc 8,22-26), seus olhos vão se abrindo progressivamente para conhecer quem é Jesus de verdade.

O povo continua tendo as mesmas opiniões do sistema judaico sobre a identidade de Jesus depois do envio dos discípulos. O povo identifica Jesus com figuras do passado: João Batista, Elias, um profeta (cf. Mc 6, 14-16), com personagens reformistas, mas cuja mensagem não realiza a expectativa que o povo tem acumulado ao longo de sua história. Para o povo Jesus tem uma força de um profeta. Logo no início deste evangelho o povo se admira ao dizer: “Jesus fala como quem tem autoridade” (cf. Mc 1,22). A pregação de Jesus faz o povo voltar para o passado, para os profetas os quais não se encontram contemporaneamente, a não ser na atuação de Jesus. O povo julga positivamente, mas o que aprendeu sobre o Messias lhe impede de identificá-lo com Jesus. Em outras palavras, o povo é doutrinado pela instituição judaica e por isso, sua opinião permanece imutável ou imóvel. Os sinais messiânicos que Jesus deu nos episódios da multiplicação dos pães não tiveram repercussão nele.

Será que sabemos e conhecemos verdadeiramente quem é Jesus ou apenas um Jesus fruto da descoberta dos outros, um Jesus de catecismo?

Jesus espera uma resposta distinta da gente comum. Por isso, ele lança a segunda pergunta para os próprios discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.  Pela iniciativa própria, Pedro se faz porta-voz do grupo (cf. Mc 1,36). Sua resposta é clara: “Tu és o Messias”. É o título que Mc colocou logo no início do seu Evangelho (Mc 1,1). Trata-se, pois, do reconhecimento da identidade profunda de Jesus: Jesus não é somente “um dos profetas” pelos quais Deus conduzia a história ao seu término. Agora Jesus é o término, o fim mesmo, “aquele que os profetas anunciavam”, o Messias, o Ungido, o Cristo.

Mas este Messias é diferente, até daquilo que Pedro imagina que seja: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar” (Mc 8,31). “Morto e ressuscitado” foi o primeiro “Credo primitivo” das comunidades cristãs. Não é por acaso que o anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus é repetido três vezes neste evangelho.

Pedro, apesar de sua profissão, não tem ainda a suficiente maturidade. A reação dele diante do anúncio é forte. Pedro chega a recriminar/censurar Jesus. Pedro, que ama a Jesus até suas entranhas, tenta convencer Jesus para que não tome o caminho da cruz. Pedro queria dizer: “Será que não tem outros caminhos de levar a cabo o plano de Deus, como o caminho de poder?”. Será que não pensamos também desta maneira?

Mas Jesus recrimina Pedro com palavras duras: “Afasta-te de mim, Satanás, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mc 8,33). Em outras palavras, Jesus convida Pedro a segui-Lo. As palavras em grego “hipage hopíso” significam “caminhar de trás”. Em outros palavras, “seja meu seguidor e por isso ande atrás de mim!. Não seja como aqueles que põem obstáculos no caminho da evangelização!”. Jesus quer nos relembrar através de Pedro que nossos caminhos nãos são os caminhos do Senhor, como diz a própria Palavra de Deus (cf. Is 55,8). Por isso, precisamos rezar sempre com o salmista: “Ensina-me, Senhor, o teu Caminho!” (Sl 27,11).

De Pedro aprendemos que muitas vezes julgamos tudo sob aparências falsas, mas o Espírito Santo sabe tudo e penetra em tudo. Se não queremos ser dos que obstaculizam o caminho da evangelização, devemos ter um contato muito estreito com o Espírito Santo a fim de julgarmos com critérios de Deus. Se realmente somos cristãos, é preciso que demos à vontade de Deus o lugar que lhe corresponde: o primeiro lugar (cf. Mt 6,33).

“E vós, quem dizeis que eu sou?”.  Esta pergunta é dirigida a cada um de nós. Na verdade é uma pergunta sobre nossa própria identidade que muitas vezes não tem uma definição pela maneira que vivemos. A identidade de Cristo está definida: Ele é o Cristo, o Messias (Ungido), Ele é o Filho de Deus (Mc 1,1) cuja substância com Deus é igual (consubstancial). Cada resposta dada para esta pergunta vai definir nosso modo de viver e de conviver. Se confessarmos que Jesus é a Luz (Jo 8,12), então sejamos nós luz para os outros, transmitindo apenas palavras que iluminem a vida dos outros (Mt 5,14). Se Jesus é a Força para nós, então sejamos força para quem se encontra sob o peso da vida e para os desanimados e decepcionados. Se Jesus é o Bom Pastor (Jo 10) então sejamos fonte de união que rebanha e dá vida para que os outros vivam. Se Jesus é misericordioso, então, não julguemos nem condenemos nem maltratemos os outros, mas sejamos também nós misericordiosos, prontos para perdoar e para pedir o perdão. E assim por diante!

“E vós, quem dizeis que eu sou?”.  Como se Jesus quisesse dizer a cada um de nós: “Diga-me de que maneira você vive e convive para saber quem sou Eu para você?”. É uma pergunta para verificar nosso modo de viver e de conviver e para fazer um exame profundo sobre nossa verdadeira identidade se realmente somos de Cristo ou não somos dele. Será que os outros percebem na nossa maneira de viver que somos de Cristo? Lembremo-nos o alerta que São Paulo nos escreveu: "Somos  uma carta de Cristo, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações" (2Cor 3,3). Que os outros possam ler alguma coisa de Cristo em cada um de nós! E São Paulo acrescentou: Somos para Deus o perfume de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15). Ser perfume é ser agradável tanto para Deus como para os homens. Mas “Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem, amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros” (Rm 12,9-10), pois “Vós sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (Ef 2,19-20). “Um homem que nunca se entregou a uma causa superior não atingiu o cimo da vida” (Richard Nixon).

P. Vitus Gustama,svd

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