sábado, 3 de junho de 2017

05/06/2017
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DEUS ME AMA ATÉ AS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS


Segunda-Feira da IX Semana Comum


Primeira Leitura: Tb 1,3; 2,1-8


1,3 Eu, Tobit, andei nos caminhos da verdade e da justiça, todos os dias da minha vida. Dei muitas vezes esmolas, aos meus irmãos e compatriotas, que comigo foram deportados para Nínive, no país dos assírios. 2,1ª No dia da nossa festa de Pentecostes que é a festa das Sete Semanas, prepararam-me um excelente almoço, e reclinei-me para comer. 2 Quando puseram a mesa com numerosas iguarias, disse ao meu filho Tobias: “Vai, filho, vai procurar, entre nossos irmãos deportados em Nínive, algum que, de todo o seu coração, se lembre do Senhor, e traze-o aqui para comer comigo. Assim, meu filho, ficarei esperando até que voltes. 3 Tobias saiu, pois, à procura de um pobre entre nossos irmãos. E voltou dizendo: “Pai!” Respondi: “Que há, meu filho?” Continuou Tobias: “Um homem do nosso povo foi morto e lançado à praça pública. E ainda se encontra lá, estrangulado”. 4 Levantei-me de um salto, deixando o almoço, sem prová-lo. Tirei o cadáver do meio da praça e depositei-o numa das dependências da casa, esperando o pôr-do-sol para enterrá-lo. 5 Ao voltar, lavei-me e, entristecido, tomei minha refeição. 6 Lembrei-me das palavras do profeta Amós, ditas contra Betel: “Vossas festas se transformarão em luto e todos os vossos cantos em lamentação”. 7 E chorei. Depois que o sol se escondeu, fui cavar uma sepultura e enterrei o cadáver. 8 Meus vizinhos zombavam, dizendo: “Ele ainda não tem medo. Já foi procurado para ser morto por este motivo, e teve que fugir. No entanto, está de novo sepultando os mortos!”


Evangelho: Mc 12,1-12


Naquele tempo, 1Jesus começou a falar aos sumos sacerdotes, mestres da Lei e anciãos, usando parábolas: “Um homem plantou uma vinha, cercou-a, fez um lagar e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha a alguns agricultores, e viajou para longe. 2Na época da colheita, ele mandou um empregado aos agricultores para receber a sua parte dos frutos da vinha. 3Mas os agricultores pegaram o empregado, bateram nele, e o mandaram de volta sem nada. 4Então o dono mandou de novo mais um empregado. Os agricultores bateram na cabeça dele e o insultaram. 5Então o dono mandou ainda mais outro, e eles o mataram. Trataram da mesma maneira muitos outros, batendo em uns e matando outros.6Restava-lhe ainda alguém: seu filho querido. Por último, ele mandou o filho até os agricultores, pensando: ‘Eles respeitarão meu filho’. 7Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Esse é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. 8Então agarraram o filho, o mataram, e o jogaram fora da vinha. 9Que fará o dono da vinha? Ele virá, destruirá os agricultores, e entregará a vinha a outros.10Por acaso, não lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; 11isso foi feito pelo Senhor e é admirável aos nossos olhos’?” 12Então os chefes dos judeus procuraram prender Jesus, pois compreenderam que havia contado a parábola para eles. Porém, ficaram com medo da multidão e, por isso, deixaram Jesus e foram-se embora.
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Imitar o Deu misericordioso e compassivo na convivência com o próximo  


Eu, Tobit, andei nos caminhos da verdade e da justiça, todos os dias da minha vida”.


O livro de Tobias, de onde é tirado o texto da Primeira Leitura, foi escrito no século III ou II antes de Jesus Cristo. Este livro é um tipo de “novela edificante”. O autor quer nos apresentar um crente que se mantém firme na fé em Deus no meio das piores dificuldades. E Deus o recompensa com a felicidade.


Eu, Tobit, andei nos caminhos da verdade e da justiça, todos os dias da minha vida”. Assim começa o texto da Primeira Leitura. Esta frase significa que Tobit imita a maneira de fazer do Deus compassivo e misericordioso para o homem. A palavra “imitar” ou “ser imitador” aqui quer sublinhar a constância e a fidelidade exemplar da personagem de Tobit. Por ser fiel ao Deus compassivo e misericordioso, Tobit se torna um modelo que se deve imitir pelos leitores do livro. Tal exemplaridade se manifesta nas obras de caridade, isto é, na ação imediata, simples e sem pretensões em favor dos mais necessitados e esquecidos pela sociedade: os pobres, os deportados, os imigrantes. Trata-se de uma ação que não espera que mudem as estruturas para atuar. Tobit, por exemplo, apesar da estreita proibição real, enterrava a escondidas os corpos de seus irmãos conterrâneos. Para fazer tudo alguém, como Tobit, tem que ter a misericórdia e a compaixão no coração. Tobit coloca o homem acima da lei, pois a lei existe para proteger a vida dos homens. Por isso, Tobit não tem medo de “transgredir” a Lei em nome da humanidade. O bem precisa ser colocado na prática, quando a vida está em jogo. Tobit agiu bem em relação a Deus e ao próximo (cf. Mc 12,28-34: mandamento do amor).


Mas na atuação de Tobit o próximo é limitado somente para seus conterrâneos: “Vai, filho, vai procurar, entre nossos irmãos deportados em Nínive, algum que, de todo o seu coração, se lembre do Senhor, e traze-o aqui para comer comigo. Assim, meu filho, ficarei esperando até que voltes”. Tobit é apenas como modelo do israelita da diáspora (no cativeiro). Tobit cumpre a Lei até no desterro.


Mas Jesus vai nos dizer que o próximo é qualquer homem e mulher. Por isso, há um passo adiante: não basta ajudar o próximo. É preciso estar próximo para ajudar os outros no sentido de disposição e disponibilidade para ajudar em nome da misericórdia e da compaixão para quem se encontra na dificuldade (cf. Lc 10,29-37). O próximo é aquele em cujo caminho eu me coloco. Ao me colocar no lugar do outro, a consequência lógica é ajudá-lo e não condená-lo (cf. Mt 7,12).


Deus Nos Ama Incondicionalmente


O profeta Jeremias, Ezequiel, Isaias (especialmente Is 5,1-7) e os Salmos chamam Israel “a vinha do Senhor”. A parábola que Jesus conta é introduzida perfeitamente nessa linha profética e serve para contestar às duas perguntas que as autoridades judeus fizeram a Jesus: “Com que autoridade fazes tudo isso? Quem te deu essa autoridade?”. Jesus contesta relatando com imagens toda a história de Seu povo e oferece também aos seus discípulos e, portanto, para todos os cristãos, a possibilidade de saber quem somos nós para Ele. Através desta parábola Jesus respondeu à primeira pergunta: “Com a autoridade do Servo de Deus, com a autoridade do Filho de Deus”. E para a segunda pergunta, Jesus respondeu através desta parábola: “Quem deu essa autoridade é o Dono da vinha, o Deus de Israel, que é meu Pai”.


O texto do evangelho deste dia nos diz: “Agora restava ainda alguém: o filho amado. Por último, então, enviou o filho aos agricultores, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Agarraram o filho, mataram e o lançaram fora da vinha” (Mc 12,6-8). 


Restava ainda alguém: o filho amado”. É uma expressão que nos desconcerta toda vez que a lemos e sobre a qual refletimos e meditamos. Parece que Deus fica à margem da pobreza. Resta apenas o próprio Filho. Mais nada! Por causa dos homens e por causa do Seu amor sem limites pelos homens Deus usa todos os recursos e todas as possibilidades. Os recursos se esgotaram. Agora resta apenas seu Filho. Deus é verdadeiramente o pobre por excelência, porque nos deu tudo. Até seu próprio Filho, o ultimo que restou. Significa que Deus nos toma a sério e deixa o campo livre para que atuemos com plena responsabilidade. Mas Deus é impotente diante da liberdade do homem. O homem é responsável pela sua própria escolha. No momento em que o homem não respeitar as regras e as placas da vida que apontam para sua plena realização e para a eternidade, ele perderá sua liberdade e cairá em uma série de prisões e escravidões.


Não há pai que entregue seu filho amado para os criminosos a fim de resgatar algo ou alguém. Deus é diferente, o Diferente por excelência. Ele entrega seu Filho amado como resgate a fim de o homem ficar livre do cativeiro da perdição e da maldição (cf. Mt 20,28; Mc 10,45; Gl 3,13; 1Tm 2,6). É muito difícil entender e compreender a atuação de Deus. Até o salmista faz esta pergunta retórica: “Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: Quem é o homem, para dele te lembrares, quem é o ser humano, para o visitares? Ó SENHOR, Senhor nosso, como é glorioso o teu nome em toda a terra!” (Sl 8, 4-5.10). Somente quando calarmos nossa mente, o nosso coração vai começar a compreender tudo que Deus faz por nós e vai haver uma adequada correspondência de nossa parte.


Jesus é verdadeiramente o último, o “eskatos”, da perspectiva de Deus.  Não é o último em relação ao tempo, não o último de uma série de intentos. O último quer dizer o definitivo, tudo. Depois do qual não fica mais nada. Agora Deus é verdadeiramente o pobre por excelência. Pobre porque deu tudo. Em sua incurável paixão pelos homens não ficou com nada, nem com o seu próprio Filho.


A conduta dos lavradores se julga durante a ausência do patrão. O patrão confia tudo nos lavradores e por isso, não precisa estar presente. O Deus da confiança é também o Deus da ausência. Mas há que compreender exatamente esta ausência. Não se trata nem de abandono, nem de evasão nem de deserção. É um sinal de amor. É um Deus que pretende atuar exclusivamente através do amor, pois este caminho é que leva o homem à sua plenitude, à eternidade. Cristo morreu perdoando o homem.


“’Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Agarraram o filho, mataram e o lançaram fora da vinha”. Deus não manda Seu Filho para a morte: Ele o ama incondicionalmente. Por outro lado, a morte é um mal e o Deus da vida não pode querê-la. Por isso, quem mata ou assassina comete pecado; vai contra a vontade de Deus. O castigo não cai sobre a vinha e sim sobre os guardiões. A vinha do Senhor seguirá, mas será um novo Israel, um novo Povo de Deus, o verdadeiro templo de Deus (cf. 1Cor 3,16-17) que tem como centro Jesus Cristo. Jesus morto e recusado pelos sumos sacerdotes, os escribas, e os anciãos, e ressuscitado pelo Pai, se converte em fundamento de um novo povo que é, ao mesmo tempo, continuação do antigo: a vinha passa a outros. Antigo e novo coexistem. As primeiras comunidades cristãs estavam compostas principalmente por judeus, isto é, pelo resto fiel de Israel que acolheu Jesus como Messias e Filho de Deus e por muitos que provinham do mundo pagãos e formavam com, como o resto de Israel, o novo e definitivo povo de Deus. O novo é realmente, com Jesus, a casa do Pai para todos os povos. É uma das mensagens do evangelho deste dia.


Cada um precisa entrar no silêncio sagrado para meditar sobre o amor de Deus por cada um e a resposta de cada um diante desse amor. Será que sou ingrato diante do amor de Deus? Será que sou irresponsável na minha atuação como pessoa amada de Deus? Será que eu vivo de acordo com o amor com que Deus me ama? Será que sou capaz de dar tudo por amor?


P. Vitus Gustama,svd

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